Segundo o Instituto Brasileiro de Fluência – IBF a gagueira não tem como causa alterações de ordem psicológica, entretanto ela pode trazer consequências desastrosas ao equilíbrio emocional de que a manifesta. Isto porque a reação inadequada dos interlocutores a uma fala gaguejada, causada pela falta de conhecimento, pode fazer com que a criança superestime sua dificuldade e se sentir incapaz de realizar atividades naturais que envolvam a fala: dar um recado, iniciar uma conversa, falar ao telefone, narrar um fato.
A atitude de aceitação das diferenças em uma sala de aula é muitas vezes o reflexo da postura do professor. A gagueira é um distúrbio de comunicação, de vase neurofisiológica, que afeta áreas do cérebro responsáveis pela fala e pela linguagem, produzindo uma fala interrompida, descontínua. É caracterizada por repetições de sílabas, prolongamentos e bloqueios. Além das dessas alterações no ritmo da fala, podem ocorrer também movimentos associados, como piscar os olhos, torção de cabeça, bater o pé no chão, entre outros. Surgem espontaneamente como tentativas que a pessoa realiza para se libertar do bloqueio que a impede de falar. Pode surgir repentinamente e desaparecer momentaneamente. Temos vários quadros desde gagueiras levíssimas até muito severas. Apesar das pesquisas, a quase totalidade dos estudiosos, concordam que a gagueira resulta da interação de vários fatores, o que inclui a questão genético-hereditária, neurofisiológica, de desenvolvimento da fala e da linguagem, da dinâmica familiar, entre outros. A fonoaudiologia e áreas paralelas, como as Neurociências, a genética e a linguística, vêm investindo intensamente no estudo e conhecimento aprofundado da gagueira. Quanto mais cedo a criança for encaminhada ao fonoaudiólogo especializado em gagueira, maiores serão as possibilidades de recuperação. Este profissional avaliará a criança e definir qual a melhor estratégia (orientações a escola e família, ou terapia direta com a criança). Quando a criança está tentando oralizar gaguejando a melhor estratégia é escutar o que ela está dizendo e não se fixar tanto no modo como ela está falando. A atitude madura e acolhedora do professor é o primeiro passo para auxiliar a criança que gagueja. È preciso conhecer e respeitar as dificuldades específicas do seu aluno, sem por isto lhe dar um tratamento que o coloque em uma posição de destaque negativo ou que o faça se sentir incapacitado. É importante perceber quais situações de fala são mais difíceis para ele, se evita ou não ler ou apresentar trabalho de sala, se conversa com os colegas nos intervalos, como os colegas respondem quando gagueja. Importante salientar que cada pessoa que gagueja pode ter dificuldades específicas em decorrência da intensidade de alteração de fluência que apresenta e também de acordo com a situação de fala do momento da aceitação ou rejeição dos demais a sua fala. Algumas sugestões:
Transtorno da Fluência com início na infância (DSM-V - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) Perturbações na fluência normal e no padrão temporal da fala inapropriada para a idade e para as habilidades linguísticas do indivíduo persistentes e caracterizadas por ocorrências frequentes e marcantes. Caracteriza-se por repetições frequentes ou prolongamentos de sílabas e outros tipos de disfluências da fala, incluindo palavras interrompidas, bloqueio audível ou silencioso, entre outros aspectos. Interfere no sucesso acadêmico e na comunicação social. A gravidade varia conforme a situação e costuma ser mais grave quando há pressão especial para se comunicar. Está frequentemente ausente durante a leitura oral, no ato de cantar ou conversar com objetos inanimados ou animais de estimação. A gagueira do desenvolvimento, ocorre até os 6 anos de idade para 80 a 90% dos indivíduos afetados, com idades variando de 2 a 7 anos de idade. Normalmente tem início gradativo, com repetição de consoantes iniciais, das primeiras palavras de uma frase ou de palavras longas. A criança pode não perceber a disfluências. Com a progressão, elas ficam mais frequentes e causam interferência, ocorrendo nas palavras ou frases mas significativas dos enunciados. À medida que a criança percebe a dificuldade da fala, pode desenvolver mecanismos de esquiva das disfluências e reações emocionais, incluindo esquivar-se de falar em público e usar enunciados curtos e simples. O risco de gagueira entre parentes biológicos de primeiro grau de indivíduos com transtorno de fluência com início na infância é mais de três vezes maior do que o risco na população em geral. Além de serem características da condição, o estresses e a ansiedade podem exacerbar a disfluências. Prejuízo no funcionamento social pode ser uma consequência dessa ansiedade. A gagueira pode estar associada a deficiência auditiva, ou a outro déficit sensorial ou motor da fala. Pode ocorrer como um efeito colateral de medicamentos. DSM-V – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – American Psychiatric Association
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