Do que se trata ...
Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (PCNs), elaborado pelo Ministério da Educação, tem como objetivo auxiliar a execução do trabalho dos profissionais nos primeiros anos do Ensino Fundamental, colaborando para que as crianças adquiram os conhecimentos necessários para atuarem como cidadãs conscientes de seu papel na sociedade. Isso só é possível por meio do acesso aos bens culturais, da igualdade de direitos e da solidariedade. Está dividido em dez volumes a seguir: Volume 1 – Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Volume 2 – Língua Portuguesa. Volume 3 – Matemática. Volume 4 – Ciências Naturais. Volume 5 – História e Geografia. Volume 6 – Arte. Volume 7 – Educação Física. Volume 8 – Apresentação dos Temas Transversais e Ética. Volume 9 – Meio Ambiente e Saúde. Volume 10 – Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) configuram-se como uma proposta flexível de auxílio à prática diária das instituições de ensino. Esse documento respeita as decisões locais e regionais sobre os currículos e distintas realidades educacionais. Não se caracteriza como um modelo impositivo ou homogêneo; pelo contrário, apoia as diversidades socioculturais das diferentes regiões do país, dando autonomia aos professores e à equipe pedagógica. O que é apresentado nesse documento vem ao encontro das necessidades educacionais brasileiras, a fim de assegurar uma organização do sistema nacional. "Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de qualidade para a educação no Ensino Fundamental em todo o País. Sua função é orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual." (BRASIL, 1997f, p. 13) A partir da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei Federal nº 9.394, aprovada em 20 de dezembro de 1996, é consolidado o dever do poder público para com a educação em geral e, em especial, para com o Ensino Fundamental. Assim, conforme o artigo 22 dessa lei, a Educação Básica, da qual o Ensino Fundamental é parte integrante, deve assegurar a todos “[...] a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Isso propicia ao Ensino Fundamental uma forma de continuidade. Desse modo, a LDB criou uma organização curricular flexível, os PCNs, como uma base nacional comum, complementada por uma parte diversificada, sob responsabilidade de cada sistema de ensino, para dar conta das particularidades de cada escola. A orientação proposta pelos PCNs apresenta uma contextualização dos objetivos educacionais e seus significados para a vida social e contemporânea, em que o aluno é considerado sujeito de sua formação, assim como o professor é sujeito de conhecimento. Áreas e temas A coleção de dez volumes que compõem os Parâmetros Curriculares Nacionais, está organizada e distribuída da seguinte forma: • um documento Introdução, que justifica e fundamenta as opções feitas para a elaboração dos documentos de áreas e Temas Transversais; • seis documentos referentes às áreas de conhecimento: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte e Educação Física; • três volumes com seis documentos, referentes aos Temas Transversais: O primeiro volume traz o documento de apresentação desses temas, que explica e justifica a proposta de integrar questões sociais como os Temas Transversais e a Ética; no segundo, encontram-se os documentos de Pluralidade Cultural e Orientação Sexual; e no terceiro, os de Meio Ambiente e Saúde. Língua Portuguesa A aquisição da linguagem oral e escrita é fundamental para que possamos participar efetivamente da vida em sociedade, pois é por meio dessas linguagens que nos comunicamos e produzimos conhecimento. Por tais razões, a escola tem a responsabilidade de garantir que todos os alunos tenham acesso aos saberes linguísticos, ou seja, às habilidades que envolvem os processos de aprendizagem de uma língua, necessárias para o exercício da cidadania. Nesse sentido, o documento de Língua Portuguesa serve de referência, fonte de consulta e reflexão. Em sua primeira parte, há uma apresentação dessa área e as definições gerais da proposta, abordando questões relativas à natureza da área e suas implicações e características, com os objetivos gerais a partir dos quais são identificados os conteúdos relacionados à linguagem oral, escrita e reflexão sobre a língua. No final desse tópico, encontramos os critérios de avaliação para o Ensino Fundamental. Já em um segundo momento, a proposta é detalhada. Nessa parte, encontramos os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação. Matemática A Matemática é um componente importante na construção da cidadania, visto que a sociedade utiliza, cada vez mais, recursos de conhecimentos científicos e tecnológicos, dos quais os cidadãos precisam se apropriar. É nesse sentido que o documento de Matemática estimula uma prática motivadora para o ensino da área, buscando soluções que se transformem em ações e que possibilitem a acessibilidade do conhecimento matemático para todos os alunos. Na primeira parte desse documento, encontramos os princípios norteadores e uma breve trajetória das reformas e do quadro atual de ensino da Matemática. Em seguida, uma análise das características dessa área e do papel desempenhado no currículo escolar. Na segunda parte, são destacados os aspectos relacionados ao processo de ensino e aprendizagem. Ciências Naturais O papel das Ciências Naturais é o de colaborar para que os alunos compreendam o mundo e as transformações promovidas pelo ser humano, localizando o homem como sujeito participativo e integrante do universo. Os conceitos abordados nessa área ampliam o conhecimento sobre os fenômenos da natureza, sobre as diferentes formas de utilizar os recursos naturais, auxiliando no desenvolvimento das questões relativas ao meio ambiente. Na primeira parte, o documento apresenta um breve histórico sobre as tendências pedagógicas da área e uma discussão sobre a importância das Ciências Naturais como conhecimento científico, expondo os conteúdos e objetivos que representam essa área. Em um segundo momento, é contemplado o ensino de Ciências Naturais, apresentando orientações didáticas. História e Geografia O documento referente à História proporciona reflexões importantes a respeito de princípios, conceitos e orientações de atividades que possibilitem leituras críticas dos espaços, cultura e do cotidiano em que os alunos estão inseridos. O documento está organizado em duas partes. A primeira aborda o aprofundamento teórico, que define objetivos amplos, sugestões de práticas e recursos didáticos a serem utilizados, analisando as concepções curriculares para o ensino da História no Brasil. Na segunda, são apresentados os eixos temáticos e os critérios que fundamentam as suas escolhas. Os conteúdos são abordados de forma a articularem-se com a realidade local e com as questões sociais contemporâneas. O documento referente à Geografia aborda as questões sobre a construção da história desta disciplina no Brasil e suas relações com a sociedade, apresentando o homem em seu caráter social. Essas duas disciplinas apresentam conceitos de articulação direta com os Temas Transversais. Artes A educação em Arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo particular de ver o mundo, dando sentido às experiências das pessoas: por meio dele, o aluno amplia a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação. Sendo assim, na primeira parte do documento, o professor irá encontrar um histórico da área no Ensino Fundamental, que o ajudará na compreensão e contextualização histórica, abordando conceitos relativos à natureza do conhecimento artístico. A segunda parte destaca quatro linguagens: artes visuais, dança, música e teatro. Assim, o professor encontrará questões relativas ao ensino e à aprendizagem em Artes, que oferece um material de ação para os educadores. Educação Física Esse documento apresenta uma proposta de democratização das práticas pedagógicas, visando a ampliar o trabalho educativo que explore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais. Na primeira parte do documento, é descrita a trajetória da disciplina, apontando suas contribuições para a formação dos cidadãos. Na sequência, a segunda parte desse documento apresenta os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação organizados em blocos que se interrelacionam. O trabalho nessa área é importante, pois possibilita aos alunos desenvolverem suas habilidades corporais e sua participação em atividades culturais. Temas Transversais Os Temas Transversais discutem a amplitude de problemáticas sociais que são apresentadas pelas escolas dentro de sua globalidade. Os objetivos e conteúdos dos Temas Transversais são incorporados às áreas já existentes no trabalho pedagógico da escola, ou seja, não são criadas novas disciplinas, apenas temas que devem estar interligados com as outras áreas do conhecimento, como as já citadas.
Orientação Sexual A sexualidade é entendida como algo inerente, que se manifesta desde o momento do nascimento até a morte, de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento. Considera a sexualidade nas suas dimensões biológica, psíquica e sociocultural. Referência: ______. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 24 abril 2016. ______. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 04 março 2016. ______. Ministério da Educação. Plano de Desenvolvimento da Educação:razões, princípios e programas. 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2016. ______. ______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Apresentação dos Temas Transversais e Ética. Brasília: EC/SEF, 1997a. v. 8. ______. ______. ______. Parâmetros curriculares nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997b. v. 6. ______. ______. ______. Parâmetros curriculares nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997c. v. 4. ______. ______. ______. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997d. v. 7. ______. ______. ______. Parâmetros curriculares nacionais: História e Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997e. v. 5. ______. _____. ______. Parâmetros curriculares nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais.Brasília: MEC/SEF,1997f. v. 1. ______. ______. ______. Parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997g. v. 2. ______. ______. ______. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997h. v. 3. ______. ______. ______. Parâmetros curriculares nacionais: Meio Ambiente e Saúde. Brasília: MEC/SEF, 1997i. v. 9. ______. ______. ______. Parâmetros curriculares nacionais: Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997j. v. 10. ______. Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2016.
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O professor na contemporaneidade vislumbra novos patamares de conhecimento. Não basta apenas ter o domínio do conteúdo, é necessário saber transmiti-lo como linguagem acessível ao aluno, trocando ideias e experiências, levando em consideração o conhecimento prévio do educando.
Grandes desafios são impostos diariamente aos profissionais de educação. Manter as aulas atrativas veio com o advento da tecnologia e da globalização. Uma informação que algum tempo atrás só constava nos livros didáticos, hoje está na internet, compartilhada nas redes sociais e ao alcance dos estudantes em apenas um clique. Para acompanhar tal crescimento o docente desenvolve competências em seus estudantes através da contextualização de conteúdos significativos, utilizando planejamentos criativos e flexíveis. Segundo Saviane (2001), a pedagogia é a área que trata dos princípios e métodos de ensino na condução dos assuntos educacionais. As estratégias de ensino e aprendizagem possibilitam conhecer a forma como os alunos aprendem, auxiliando o docente a intervir no processo de aquisição do conhecimento. As atividades de planejamento são muito importantes para a execução do currículo e do ensino, pressupondo a elaboração de projetos, como se dará o processo de avaliação e as estratégias utilizadas em sala de aula. Trabalhar de forma interdisciplinar e contextualizada. A interdisciplinaridade viabiliza interconexões – causa e efeito; supera a visão fragmentada da produção do conhecimento; produz coerência, promovendo avanços na produção de novos conhecimentos. Possibilita a compreensão de mundo e a visão do homem como sujeito e agente de transformação. A contextualização pressupõe ações e estudos voltados para a realidade e situações cotidianas, que contribuam para a resolução de desafios em coletividade em busca de decisões mais coerentes e assertivas. Tornar a aprendizagem interativa. Fale dizer, que o domínio de linguagens colabora para a busca de informação, através de estratégica que estimulem a capacidade de ler, escrever, a formação científica, estética e ética, desenvolvimento de capacidades cognitivas e operativas. A leitura e compreensão do que se leu é de fundamental importância em qualquer etapa de ensino e em qualquer área de conhecimento. Assim como introduzir os alunos nos significados da cultura e da ciência por meio de mediações cognitivas e interacionais, possibilita uma formação que o ajude a transformar-se num sujeito pensante, dentro da sociedade em que vive. A criação da informação, articula a capacidade de receber e interpretar conteúdos, contextualizá-los, considerando-se o aluno como sujeito de seu próprio conhecimento. A pedagogia trabalha em uma perspectiva inclusiva, pressupondo que todos os alunos podem aprender. Desenvolver uma boa práxis pedagógica, ou seja, uma integração entre a teoria e a prática através da constante reflexão crítica sobre a mesma. Referências: ACAMPORA, Bianca. A importância na pedagógica em qualquer etapa de ensino. Língua Portuguesa. São Paulo. Ed. 61.p.24-27, Jan.2016. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. 34. ed. rev. Campinas, Autores Associados, 2001. (Col. Polêmicas do Nosso Tempo; vol. 5). 94 p. A adolescência é considerada um período de mudanças, não só físicas, sexuais, psicológicas e cognitivas, mas também, nas demandas feitas pelos pais, companheiros, professores e pela sociedade em si. Segundo Mussen (1995) o termo adolescente vem do latim adolescere, que significa crescer para a maturidade. A adolescência começa com as questões biológicas de mudança na estrutura corporal e termina com as questões culturais, pois em algumas culturas pode ser breve, saindo da infância e assumindo a vida adulta, em outras se prolonga por anos. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente a adolescência é definida como uma etapa da vida entre 12 e os 18 anos. Na teoria de Piaget a adolescência é uma fase que ocorre gradativamente (pensamento operatório formal). No século XVIII, Rosseau conceituou a adolescência como um período de modificações, um segundo nascimento em direção à autonomia da vida adulta. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência constitui-se num processo fundamentalmente biológico, durante a qual se acelera o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade. Um momento da vida, um período de transição entre a infância e a vida adulta, entre a dependência e a maturidade.
Atualmente nossa sociedade vive uma pluralidade cultural e social, visto que para alguns jovens de família de baixa renda a “adolescência” envolve responsabilidades, trabalho e despesas domésticas, apesar dos conflitos internos característicos da adolescência, em contrapartida, jovens de classe média alta, permanecem na casa dos pais por mais tempo, prolongando a adolescência. Para cada jovem uma realidade diferente, todavia para cada fase da vida há perdas e ganhos penso que, como a adolescência é um processo biopsicossocial, envolve a pluralidade em que o sujeito está envolvido, mas quando a identidade se consolida juntamente com a maturidade, e em paralelo o físico já se estabilizou e permanecerá até o início da terceira idade, inicia-se então a fase adulta. Percebe-se então uma estabilidade emocional e objetivos característicos da fase adulta, como por exemplo, as afinidades e relacionamentos. Cada fase contempla expectativas diferentes com relação à própria vida. Márcia Alves O que penso dos jovens e da educação não me permite aceitar que a escola seja uma experiência de dor”. Rubem Alves, 2001.
Educar não é ensinar os conteúdos que são aprendidos nos livros e computadores, é ter na presença constante do professor uma oportunidade de “ver” o mundo. Entretanto, lembramos muito pouco de nossos professores, mas não esquecemos dos amigos, de alguns momentos do recreio e de algumas brincadeiras. Com isso percebemos que as experiências de alegria na escola estão relacionadas às amizades, deixando de lado à alegria de aprender, de compreender e de estudar. A educação precisa proporcionar as crianças e jovens, a experiência de ver o mundo com seus próprios olhos, descobrir, experimentar, tirar as próprias conclusões das situações apresentadas, pois apenas dessa maneira farão sentido para o aprendizado. Os sentimentos e emoções precisam fazer parte do dia a dia na escola, relacionando-se com uma aprendizagem significativa. Focar mais nos acertos do que nos erros, focar mais na alegria do que na tristeza. Valorizar mais o aluno e a contribuição que ele pode dar para a descoberta do conhecimento. O professor não precisa ser aquele sujeito que detém o conhecimento, mas o que junto com seus alunos proporciona as descobertas, contribuindo para as diversas aprendizagens, respeitando a individualidade, para que todo o processo educacional seja realmente significativo para os jovens. Motivar de forma que as barreiras que separam a escola do mundo sejam transformadas em experiências. A escola precisa estar inserida no mundo dos jovens, ser um espaço de aprendizado através da alegria e curiosidade de adquirir um conhecimento relevante para sua vida. Enfim faz-se necessário que a escola acompanhe na mesma velocidade as transformações de uma sociedade em que os jovens buscam mais, exigem mais, são questionadores e não querem “perder tempo” com assuntos e conteúdos que não exprimem a realidade em que vivem, por isso o papel do professor também é importante nesse novo contexto social. A motivação tem um papel primordial na educação. O professor como mediador focado no aprendizado significativo precisa encontrar meios de fazer com que seus alunos despertem a curiosidade positiva, de forma que a alegria de aprender se instale em todo o processo de ensino aprendizagem. Assim como os alunos o professor também necessita estar sintonizado nesta mesma alegria, em função de satisfazer uma necessidade interna de prazer e valorização do seu trabalho. A cumplicidade entre professor e aluno desenvolve um vínculo ora importante neste processo. Pois ambos estão se afirmando enquanto indivíduos inseridos em uma sociedade em constante transformação, em que professor e aluno buscam incentivos internos e externos para continuar nessa jornada. Em todo esse processo tenta-se mudar o olhar de uma escola tradicional que valoriza somente os números e ou notas para especificar um desenvolvimento cognitivo. Contudo fale dizer que o desenvolvimento cognitivo não está somente dentro da escola, está na vida diária dos discentes e a escola é uma continuidade dessa rotina. O prazer de viver, de descobrir de crescer enquanto pessoa ultrapassa o muro que separa a escola do mundo. A escola de hoje precisa ser mais do que números e palavras, precisa valorizar o indivíduo e tudo que nele se faz presente, focando no positivo, focando em aprendizados significativos que não só englobem o cognitivo como também o emocional e o social. Sem emoção não se chega a lugar algum. Mais do que isso, considerar as diferenças e através delas mudar o olhar da educação, colaborar para uma escola de saberes e descobertas significativas, transformando a vida de seus alunos e tornando o espaço escolar num lugar “mágico” em que crianças e jovens queiram estar presentes e através dela descobrir a felicidade de aprender. A geometria está presente em nossa história através de Tales, Pitágoras e Aristóteles, que entre outros se destacaram no estudo do pensamento geométrico. As relações da geometria com o homem surgiram com a necessidade de transformar a natureza para que as suas necessidades fossem satisfeitas. O ensino da geometria está relacionado com o cotidiano da criança através da resolução de problemas, jogos, artes, exploração e a manipulação de objetos, entre outras estratégias didáticas. Vale ressaltar, que a criança desde cedo se manifesta através de riscos, retas e traços desenhando no papel, paredes, chão, assim como fez o homem pré-histórico. O professor parte de estratégias simples, como o desenho para fundamentar as noções geométricas com as crianças. Proporcionar momentos para a criança explorar objetos de formas e cores diferentes, assim como simular situações-problema para que possa resolver através dos desenhos, recortes e colagem, ampliando seus conhecimentos e a qualidade dos conceitos adquiridos.
Na educação infantil podemos elaborar atividades que colaboram para desenvolver o pensamento geométrico explorando as três tipos de percepções como a coordenação visual-motora, a discriminação visual e a memória visual. O objetivo do ensino na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental é desenvolver essas percepções na criança e o professor planeja e media as explorações para que os educandos interagem com o meio social no qual estão inseridos. As relações elementares da geometria são de fundamental importância ao desenvolvimento da noção de espaço da criança, pois explora a natureza e o espaço em que circula antes mesmo de iniciar o processo de contagem. A geometria permeia as brincadeiras e atitudes das crianças na interação com o meio ambiente. O contexto social no qual ela está inserida já lhe proporciona a construção de um conhecimento prático. Pode-se dizer que a construção do pensamento matemático está ancorada nas experiências vivenciadas e que cabe ao professor mediar atividades que promovam a construção do conhecimento geométrico de forma prazerosa. Nas atividades e dinâmicas planejadas pelo professor, a criança começa a ter noção de figura geométrica sem precisar de conceitos e nem modelos prontos, somente do espaço e do corpo. O que leva a criança a construção da noção de espaço são as relações topológicas, projetivas e euclidianas. As relações topológicas são elementares, pois a criança no início do seu desenvolvimento utiliza relações de vizinhança, ordem, separação, figuras abertas e fechadas, entretanto não consegue diferenciar um triangulo de um quadrado. As relações projetistas permitem que a criança reproduza, através dos desenhos, o espaço circundante. Já as relações euclidianas são as relações que priorizam as questões de medidas. Márcia Alves “Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naquele cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...” (ALVES, 2000 p.5)
Ser professor é muito mais do que esta palavra pode significar... é viver e fazer viver! É uma imensidão de sentimentos e de conhecimentos entrelaçados pelas ações e palavras que permeiam a rotina de um espaço privilegiado, em que todos são protagonistas das mais belas descobertas. Conduzir os educandos e ser conduzido por eles, na prática por pouco tempo, na vida para sempre... Quem não é capaz de se recordar de um professor ou de um colega de sala? Quando Alves diz que ensinar é um exercício de imortalidade, compreendemos que por ensino é tudo que move a vida, tanto particular como coletiva. Desde os primórdios o homem encontra uma forma de passar aos mais novos seu conhecimento e assim, a sociedade se estruturou até chegarmos aos dias de hoje, a globalização. Aqueles que não mais se encontram por aqui, deixaram lembranças que nem mesmo o tempo foi capaz de apagar. A maneira de ensinar mudou, mas o ensinamento permaneceu, mais ativo, mais criativo, mais curioso. Nem mesmo uma ditadura foi capaz de estagnar a forma como os mestres reinventaram o ensinar, pois deixou de ser o dono do mundo para compartilhar seu conhecimento e descobertas com seus alunos. Vale dizer, que na atual conjuntura da globalização, as crianças também tem conhecimento a compartilhar. E assim o ensino se imortalizou, nessa dialética de passado e presente, de aluno professor, de escola e família, continua a se reinventar a cada dia, a cada estratégia utilizada, mesmo sem o apoio daqueles que deveriam cuidar para que tudo desse certo, mesmo sem o apoio daqueles que não acreditam na magia da interação e da palavra, o professor não desistiu e jamais irá desistir. Porque sabemos que as nossas atitudes serão eternizadas em nossos alunos e que cada vez mais assumimos um lugar especial na vida das crianças, que mesmo sem falar, a simples presença, o simples olhar ou um abraço, é capaz de mudar uma vida inteira. Por isso e por muitas outras questões não elencadas na citação de Alves, o professor não morre jamais, e, há de chegar o dia, em que as crianças farão a diferença no mundo e assim, as futuras gerações irão finalmente compreender e valorizar aquilo que realmente importa. Márcia Alves “Uma equipe só conseguirá encantar os clientes na medida em que a empresa saiba encantá-los primeiro”.
O contexto escolar envolve uma gama de profissionais que colaboram para o “fazer educacional”. Desde a limpeza até a direção, tudo e todos fazem a diferença significativa para o educando e suas famílias. Se o ambiente for motivacional, a equipe estará preparada para conquistar o “cliente”, ou seja o educando e a comunidade escolar. Percebe-se pessoas que trabalham por vocação e outras por questões financeiras, mas a verdade é que, por um motivo, ou por outro, passamos boa parte da nossa vida no ambiente de trabalho. No colégio não é diferente, o professor somente estará motivado, se receber também uma motivação por parte da instituição a qual faz parte, e assim por diante. Por exemplo, o aluno ficará motivado em relação ao aprendizado, se o seu professor também estiver motivado em sua aula. Concordo com a frase acima, embora compreenda que o encantamento acontece através das ações das pessoas, por isso o clima motivacional de uma equipe pedagógica faz toda a diferença no grupo de professores de uma instituição. Uma instituição educacional que valoriza seus funcionários e os respeita, tem muito mais chance de sucesso do que aquela em que não valoriza o trabalho de seus funcionários. O professor encantará seus alunos se estiver encantado e comprometido com o trabalho de educar, e como, o professor pertence a uma instituição, o encantamento segue numa pirâmide crescente em que todos são contagiados pela alegria de formar cidadãos mais responsáveis e críticos. Márcia Alves O sistema educacional inclusivo na realidade brasileira encontra-se amparada legalmente e em princípios fundamentados em ideias democráticas de igualdade e diversidade. Entretanto, no meio educacional percebe-se uma discussão conceitual sobre a inclusão que inclui a efetivação de ações e o respeito as diferenças individuais das crianças. Uma proposta de uma educação inclusiva requer ainda transformações no sentido de provocar mudanças na escola da atualidade, através da mudança de comportamentos, assim como o rompimento de barreiras históricas, financeiras, físicas e atitudinais. Faz-se necessário a formação e educação continuada de professores, a fim de atender os alunos com necessidades especiais, seja elas um transtorno de comportamento grave ou dificuldades de locomoção, entre outras. O comprometimento de todos os envolvidos no processo educacional para a com a educação inclusiva é imprescindível e para que seja significativa e realmente faça a diferença na vida escolar dessas crianças, alguns aspectos devem ser considerados como o apoio de especialistas, uma nova organização escolar e uma intervenção relevante. Considero que ainda temos muito a caminhar no que tange a inclusão de crianças com necessidades especiais no âmbito escolar regular, em função de uma sociedade mais justa e solidária. São muitos os obstáculos a serem vencidos.
Márcia Alves A escola possui um papel social de formar indivíduos capazes de atuar efetivamente na sociedade todavia, é na família que se inicia essa formação. A realidade familiar está imersa a diversas mudanças culturais e sociais. Segundo Haddad (2013) vivemos o momento contemporâneo marcado pela velocidade das mudanças e as rápidas transformações de tudo e de todos, clicks daqui e dali e com isso rapidamente excluo, deleto, curto ou bloqueio. Os almoços mudaram, os tipos de alimentos diversificaram, o tempo de espera foi encurtado e a forma de relacionar-se com o outro também mudou. Crianças e jovens já nascem conectados. Em meio a tantas mudanças está a família tentando sobreviver e adequar seu tempo para que os filhos recebam o “tempo” que tanto querem e necessitam. É nesse contexto que a escola tem papel relevante, principalmente na passagem de segmentos. Faz-se necessário uma conscientização para que os pais percebam o quanto suas atitudes e o tempo destinado aos filhos são significativos para o desenvolvimento desses jovens. Os profissionais da escola comprometidos com a educação e formação de jovens e crianças desenvolvem esse “papel” de conscientizar e orientar. Vale ressaltar que a forma como cada família irá conduzir essa supervisão é muito particular, podemos sim, dar sugestões, mas considero que o principal é conscientizar da importância do desenvolvimento de uma autonomia em função de uma formação mais condizente com a realidade social que se apresenta.
Márcia Alves |
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